quinta-feira, 4 de junho de 2009

Europeístas... convictos!




Existem momentos, neste caso, incertos, em que o que sinto dos cenários político-sociais me deixa apreensiva em relação ao futuro das novas gerações… mas o futuro nasce do agora, e esse em nada é autêntico, verdadeiro, desprovido da inteligência que move os homens com ideias que nascem de dentro, homens com convicções mais que religiosas, homens que conseguem transpor o seu próprio tempo. Esses homens estão arredados da política activa, infelizmente.


A campanha eleitoral destas eleições, do que ainda chamam Europa (será que voltaremos a ser raptados por algum Zeus… dizem, que a história repete-se sempre…) é mesquinha, com candidatos do pior que já vi, desde que a democracia se instalou (será?) neste quintal europeu.

O desnorte social é total, sente-se nas pessoas com que me cruzo no café, no supermercado, nos lugares comuns e banais do chamado quotidiano. Entendo melhor o olhar da porteira do meu prédio e da senhora da limpeza, do que dos senhores magistrados que os escondem por vergonha em processos injustos. Refugiam-se em pareceres teóricos, em trocadilhos legais, na malha legislativa que tão bem conhecem, atabalhoando assim a realidade dos factos. Alguns nem dão a cara, nem o olhar, lavram (lavrar: penso sempre na fazenda pública…) uns papéis a que chamam “despachos”, entregues educadamente, por funcionários a quem de direito. Chamo a este procedimento: hipocrisia legalista e desmérito no exercício público das funções, para as quais não estão habilitados, por falta de formação moral e ética.

A falta de ideais preocupa-me, a falta de entendimento nos olhares magoa-me, pensar que a vida é uma função burocrática aterroriza-me, e assim a sociedade umbilical desprestigia aquilo que ainda chamo condição humana, não no sentido de condicionamento, mas de libertação.

Fiquei surpreendida com a candidatura do Dr. Vital Moreira a estas eleições europeias… nem todos temos a capacidade de prognóstico, da noção de tocar a linha do ridículo. Só se pode aperfeiçoar aquilo que se tem, como o dom da palavra… não é o caso, o que neste caso (o redundância casuística é intencional) é fundamental.

Por mera curiosidade fica aqui, mais um daqueles livros que li no início da faculdade, por coincidência do senhor referido no parágrafo anterior – quem diria, passados 22 anos, o referido senhor seria candidato ao Parlamento Europeu… talvez daqui a duas décadas seja cantor de ópera na Lua, pois as viagens já estão à venda, nunca se sabe! Basta comprar o bilhete... às vezes, a política actual que se confunde com a actualidade política, também é assim: compram-se passes de passagem, onde os passageiros não deixam rasto, só restos de figurações esquecidas no dia seguinte.

“… de todo o exposto resulta que o capitalismo tem moldado à sua feição uma ordem jurídico-política que o exprime e assegura. Através de todas as transformações, a ordem jurídica tem sido um elemento constituinte e um esteio fundamental do capitalismo. Apesar das restrições e da admissão de elementos contraditórios, a ordem jurídica mantém como núcleo essencial, como instituição irrenunciável, o fundamento do capitalismo como sistema económico: a propriedade privada dos meios de produção… É por isso que a substituição deste implica uma transformação social-revolucionária.”

Vital Moreira, in "A Ordem Jurídica do Capitalismo" [1987] (*)


(*) será que utilizaria hoje a mesma palavra composta: “social-revolucionária”? Cada um terá a sua resposta, no próximo Domingo…



Imagem 1: Capa do livro referido (a digitalização é má, pois o livro está amarelecido, passou muitos anos na minha arrecadação...)


Imagem 2: Pintura de Wassily Kandinski, pintor e artista abstraccionista, professor da Bauhaus, licenciado em Direito, estudou economia. Nasceu em Moscovo em 1866 e faleceu em 1944, com nacionalidade francesa. A obra de 1910, está exposta no Museu Nacional de Arte Moderna, no Centro Georges Pompidou, em Paris.

2 comentários:

  1. Também eu temo muito pelo futuro dos nossos filhos.

    Cumprimentos meus.

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  2. Muito obrigado pelo seu comentário, mas temos que acreditar nas energias da "Nova Era"...
    Cumpts,
    Chris

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